20 de jun. de 2009

O valor nutritivo e o gosto dos alimentos

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por E. Corassa

A busca pelo prazer é inerente ao ser humano. É fato que anatômica e fisiologicamente somos feitos para “buscar” e consumir açúcar, que é o principal combustível do corpo humano. Pesquisas indicam que o consumo de açúcar ocasiona imediatamente mudanças na química cerebral, isto é, a liberação de certas substâncias similares às observadas em pessoas após o uso de narcóticos como o ópio, que produzem grande prazer. Essa é uma das razões pela qual desde crianças, sem nenhum conhecimento fisiológico, ficamos vidrados em alimentos doces e aprendemos através do nosso cérebro que consumir doces (carboidratos simples) é algo muito bom. Assim, diariamente, sempre voltamos a buscar a recompensa prazerosa que é consumir alimentos doces. Essa é uma maneira da natureza indicar-nos o caminho para a nutrição otimizada, porque através de comandos do nosso cérebro, consumimos somente o que é prazeroso, sendo que o que é prazeroso ao paladar humano é também nutritivo.

O primeiro gosto que sentimos em nossa língua é o doce e logo acima deste ponto o salgado. Dentro de nossos alimentos naturais são encontrados açúcar e sais minerais em abundância. Os produtores de alimentos tendo conhecimento da fisiologia humana, tiram proveito disto adicionando grandes quantidades de açúcar e sal refinado em praticamente todos os alimentos industrializados; na maioria das vezes utilizando-se dos dois no mesmo produto, e, infelizmente, adicionando outros químicos nocivos à saúde, tais como o glutamato monossódico (uma neurotoxina altamente nociva à saúde que estimula o cérebro a querer mais daquele determinado alimento. Por isso o famoso slogan das batatas “impossível comer uma só”). Por exemplo, inúmeras pessoas consomem molho shoyu, sem nunca pensar que em sua composição existem sal, açúcar e glutamato monossódico concentrados. É quase impossível não gostar de algo com um gosto tão salgado e doce e uma neurotoxina tão estimulante.

Através da industrialização concentramos aqueles sabores que nossa fisiologia busca nos alimentos, assim transformando os alimentos insípidos em “saborosos”. Como o famoso Higienista J. Tilden sabiamente, em sua época, citou : “A natureza nunca produziu um sanduíche”. Se pararmos para pensar - quantas pessoas na atualidade pensam no valor nutricional de um alimento antes de ingerí-lo? Os alimentos são comercializados, promovidos e ingeridos pelo seu gosto, valor de excitação e estimulação primariamente.

Na natureza, todos os animais se alimentam sem nenhum conhecimento nutricional, sendo guiados apenas pelos seus instintos e capacidades distintas de obter e conseguir comer os alimentos para os quais foram criados, ou seja, para os quais a sua fisiologia, anatomia e biologia foram desenhadas. Por exemplo: as vacas comem grama e foram naturalmente “adaptadas” a comerem grama, comendo em grandes quantidades, pois possuem 4 estômagos. Se os humanos “tentassem” a mesma coisa, não conseguiriam calorias o suficiente para se manter, pois possuem capacidade digestiva finita. Da mesma forma as vacas seriam incapazes de coletar uma refeição de frutas como um primata ou literalmente caçar e devorar outro animal, como um carnívoro, confiando apenas em seus instintos e sendo “presos” as suas capacidades e “ferramentas” de obtenção de seus respectivos alimentos, sem nenhum conhecimento científico, enquadrando-se dentro das leis da natureza e vivenciando saúde otimizada e sem demonstrar/sofrer de nenhuma das doenças degenerativas ou sintomas aos quais o homem “civilizado” sofre. Os animais comem o que seus instintos indicam ser o certo e o que lhes agrada ao paladar, em seu estado ‘in natura’, sem alteração nenhuma no alimento em questão, literalmente sem precisar enganar seu paladar e cérebro através de temperos e condimentos, que fazem o nosso cérebro acreditar que tais alimentos são nutritivos.

O valor nutritivo de um alimento para cada espécie está altamente ligado a seu sabor. Podemos comprovar isto, quando vemos um leão salivando e olhando para sua presa e após a caça, a voracidade e gosto com que ele devora a carne crua, ossos, cartilagens, órgãos e outras partes do animal com gosto, ou até mesmo quando uma vaca saliva em um campo de grama, ou damos frutas a um primata (ou ele vem até mesmo “roubar” de você).

Podemos guiar-nos e definir a alimentação da raça humana, na natureza e em seu estado natural, pelo que conseguimos facilmente nos apropriar e comer, e citar a refeição como um prazer degustativo. Da mesma forma, somente são nutritivos para os seres humanos os alimentos que têm um gosto saboroso em seu estado natural. Isto é, na natureza podemos guiar-nos pelo gosto, para determinar o que é nutritivo e assim bom para a propagação da vida humana. Logo, na natureza, basicamente os únicos alimentos que conseguiríamos apropriar-nos e consumir com gosto - frutas, vegetais, sementes e nozes .

Entretanto, infelizmente na atualidade, conseguimos alterar tanto a matéria prima produzida pela natureza, que precisamos estabelecer certos alimentos como “saudáveis”, quando na verdade, durante praticamente toda a vida na terra, não era preciso nomear um alimento como “saudável”, porque não existia categorias a parte como o “junk-food”. É realmente uma experiência nova a qual os seres humanos estão testando a resiliência do corpo humano. Refinando, cozinhando, temperando, usando químicos, sal, açúcar, etc, conseguimos comer alimentos que seriam insípidos, inpalatáveis e incapazes de serem ingeridos, fazendo com isso que o ser humano viva, mas em condições longe do ideal e do potencial de saúde, que o corpo humano pode e deveria vivenciar.

Por isso, respondo facilmente a todos, quando me perguntam se é difícil levar uma dieta baseada em frutas e vegetais, nozes e sementes, que não é difícil, muito pelo contrário, e informo que todos aqueles que já tentaram, comprovam e afirmam, amarem seus novos hábitos alimentares. ”O que a mente de um homem consegue conceber, ele consegue alcançar - Napoleon Hill”. É uma falácia acreditar que alimentação natural é insípida, quem adota tal mito desconhece os verdadeiros alimentos saudáveis em sua forma fresca, madura e orgânica.

Tentamos reproduzir a suculência das frutas e dos vegetais em todas as receitas da atualidade; por exemplo, comer arroz puro é um tanto quanto seco, assim acrescentamos o caldo do feijão por cima, ou o molhamos e o resto dos outros alimentos com o caldo da carne ou dos vegetais cozidos. Também molhamos os biscoitos no leite, no café e creme, tudo com bastante açúcar, entre muitos outros exemplos.

Para uma vida longa, saudável e próspera, consuma o tipo certo de "açúcar", em vez de tentar reproduzir as sensações e gostos para os quais fomos criados pela natureza para buscar nos alimentos, perpetue a simbiose e o papel para qual os seres humanos foram criados, faça do consumo de grandes quantidades de frutas e vegetais uma prática diária. Mesmo sendo difícil para aqueles que vivem em grandes cidades, após recolher as “recompensas” da natureza, devemos espalhar as sementes e perpetuar a criação de mais “vidas” no reino vegetal. Assim ajudamos o futuro da humanidade e a diminuição do aquecimento global com um mundo mais verde, auto sustentável, SAUDÁVEL e FRUGAL!

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