14 de jun. de 2009

Crudismo: indo além da saúde

10/Jun/09




Uma boa parcela das pessoas que se adentram pelo crudismo o faz por motivos de saúde, frequentemente porque a saúde está “por um fio”. Porém, acredito que o papel do crudismo vá muito além das melhorias de saúde; ou seja, otimizar a saúde não seria seu maior propósito dentro de nossas vidas. Vou explicar o porquê baseado em duas vertentes: emoção e espiritualidade.

Está ficando cada vez mais claro, até mesmo entre os setores médicos mais conservadores, que a saúde está intrinsecamente ligada às nossas emoções, ou mesmo ao nosso “estado de espírito”. Muitas doenças somos nós mesmos que causamos, inconscientemente; não apenas por deixarmos de tomar conta do nosso corpo, mas também evido do nosso estado emocional. Apesar do quadro clínico padrão de cada enfermidade, a resposta pode ser muito diferente de indivíduo para indivíduo, e a forma como cada um reage à doença pode ser um fator-chave na sua recuperação. Mas onde entra o crudismo?

Na verdade, apesar de ter escrito no título “papel do crudismo”, poderia ser qualquer outro tipo de alimentação mais saudável do que a alimentação anterior de uma determinada pessoa, como vegetarianismo ou veganismo ou até mesmo a mudança de uma dieta baseada em fast-food para comidas caseiras menos nocivas. Toda e qualquer decisão de mudar para melhor, seja na alimentação seja em outras áreas da vida, pode desencadear um processo de crescimento pessoal significativo. O diferencial das dietas mais naturais como o frugivorismo ou o crudismo é a drástica diminuição (ou mesmo ausência) de alimentos“anestésicas”, que mascaram nossos sentimentos e adiam o enfrentamento das questões que estão nos incomodando; justamente aqueles por trás da nossa dependência emocional por comida. Ou seja, um papel primordial do crudismo seria nos ajudar a crescer como pessoas à medida em que descobrimos e liberamos entraves emocionais que atrapalham nossa vida e nosso caminhar.

Cabe ressaltar que cada um tem seu ritmo e que às vezes é necessário ir mais devagar. Daí a dificuldade que muitas pessoas têm em deixar de comer coisas que racionalmente não gostariam de ingerir. Isso serve, também, para as famosas recaídas. Para ambos os casos valem duas observações. A primeira seria aceitar o processo do outro sem julgá-lo, nem se achar melhor ou pior do que outras pessoas cuja alimentação ainda não está “perfeita”. A segunda seria ser gentil consigo mesmo nos momentos de recaída ou retrocesso, pois a culpa tem a tendência de criar um efeito “bola de neve” e provocar emoções ainda mais difíceis (e mais comilança!). Melhor que isso é focar no positivo, sentindo gratidão pelo próprio corpo e pelas suas conquistas alimentares, agradecendo a ele por resistir e lhe apoiar durante este ioiôs entre o saudável e prejudicial. Estas duas observações partem do princípio que o mais importante não é um grandioso resultado final ou algum tipo de ideal de perfeição, mas sim o caminho percorrido e o aprendizado que este nos propõe com suas idas e vindas, com seus tropeços e imperfeiçoes. Também mostram como os problemas podem ser vistos como desafios ou mesmo bençãos por nos trazer oportunidades de crescimento. Pessoalmente, em quase três anos “imperfeitos” de crudismo venho aprendendo a parar de me martirizar pelas quedas e a agradecer mais pelo aprendizado que resulta delas. Pois cada uma destas quedas me mostra mais um aspecto que precisa ser trabalhado e libera mais uma camada de emoções que encobre meu verdadeiro eu. Às vezes esse processo parece bastante tortuoso, mas sei que em breve estas camadas não existirão mais e tudo fluirá melhor.

O outro motivo pelo qual o papel primordial do crudismo vai além da saúde parte do pressuposto de que somos mais do que matéria física. Sendo assim, apesar da importância da saúde para a realização de nossas missões de vida, ela seria consequência de uma vida plena em crescimento pessoal/espiritual (não falo em um sentido estritamente religioso, mas num sentido mais amplo). Esclarecendo: não estou dizendo que devemos esquecer ou descuidar da saúde, mas que devemos focar, acima de tudo, no nosso bem estar global (emocional, espiritual, etc.), e então a saúde certamente virá junto (e com bem menos esforço do que se ficarmos neuróticos sobre certos aspectos isolados, padrões de beleza física, etc.).

Acredito que ao nos abrirmos para o aprendizado mais amplo que o crudismo nos proporciona, podemos experienciá-lo de forma plena. Assim, podemos crescer emocionalmente, espiritualmente e em vários outros aspectos, atingindo, consequentemente, a saúde que desejamos.

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