20 de jun. de 2008

Substitua o Leite da Mãe Vaca pelo Leite da Mãe Terra

Alexandre Pimentel* 05/01/2008

Nossa luta, seja profissional ou idealista, deve visar sempre o bem-estar da comunidade, seja a vila, o bairro, a cidade, o país ou o planeta. O autor deste artigo busca trabalhar não apenas com a visão científica mas com os saberes populares, ancestrais e filosóficos disponíveis, acreditando que a síntese dessas perspectivas possa iluminar com mais profundidade a maioria dos temas e dificuldades humanos.

Interessante como as informações corporativas, ou seja, a informação dos dominadores tipo “associação de produtores de laticínios” etc, diferem da informações daqueles que sofrem as conseqüências patológicas sociais desse hábito de consumo. Aliás, a história humana sempre foi escrita na versão dos poderosos e não dos oprimidos. Os poucos técnicos que ousam discordar de suas corporações são empurrados para a marginalidade científica.

Tenham certeza que os técnicos bem pagos das grandes indústria sempre defenderão suas empresas a unhas e dentes, mesmo com o eventual prejuízo do consumidor. E isso não é por maldade, conspiração ou má fé, pois, na verdade, qualquer pessoa tem medo de perder cargo ou salário, tendo que enfrentar patrões, colocando sua sobrevivência e família em risco.

Poucas pessoas têm minha liberdade de pesquisar e botar a boca no mundo, pois necessitam responder a superiores por seus atos e palavras. Pena é que meu tempo e dinheiro sejam ainda tímidos, embora o empurrão que recebo de inúmeros colaboradores seja algo que lava minha alma a gratificantes estados de satisfação!

Muitas vezes chateia-me o fato de ver parlamentares e executivos trabalhando com picuinhas eleitoreiras enquanto temas tão relevantes como este (o leite) ficam à margem. Idéias equivocadas, aliás, são bem comuns tanto ao liberalismo capitalista quanto ao socialismo neo-marxista. É interessante para esses grupos dominadores que a população continue tomando leite, já que “crianças” são mais facilmente manipuladas. Nota-se essa influência de cima para baixo em vários níveis da vida social, envolvendo educação, nutrição e arte. Dessa forma, toda a pesquisa científica se encaminha para os interesses políticos e comerciais, provando ou desprovando o que bem entender.

A pesquisa que estou fazendo sobre leite, seu custo ambiental e impacto na saúde social tem este escopo. Um amigo jornalista está dando um apoio nesse sentido e o que está vindo à tona é impressionante. A indústria está muito mais focada no aspecto microbiológico do que na presença de metais pesados e outros poluentes que, em algumas regiões, chegam a níveis incrivelmente superiores aos ditos “toleráveis”. Peço a todos que tiverem bons materiais, cercados de citações e referências não corporativos, que os enviem para meu endereço eletrônico.

Digo tudo isso com a mais profunda tranqüilidade e segurança porque tenho conversado com vários agrônomos, veterinários e bioquímicos ligados à associação dos produtores ecologistas de Brasília e os resultados são exatamente opostos aos narrados pelas corporações de laticínios. Também alguns médicos e nutricionistas que trabalham com abordagens sistêmicas apresentam versões interessantes, comprovando que leite é o melhor alimento do mundo dede que seja da mãe verdadeira para o filhote verdadeiro no período correto, pois, mesmo dentro da própria espécie, é insalubre ao filhote mamar após determinado período de maturação biológica.

Mas como meu instrutor recomendou-me "preocupar-me com a guerra" e não com a batalha, acredito que até março terei um laudo preliminar que economizará dedos na garganta para provocar vômitos, bem como mostrará que os interesses econômicos se travestem de ciência para vender e desdenham da perspectiva ecológica. Esse estudo não acadêmico,mas de pai para pai (e também pai para mãe!) e possui todo o referencial necessário. A idéia é transformá-lo num livro que possa atingir muitas pessoas, alertando a população, não tendo idéia ou data para lançamento.

O que posso adiantar é que apesar dos milhares de anos que continuamos mamando em bichos diferentes de nossa espécie, mesmo depois de termos crescido, a maioria da população é intolerante ao leite das queridas mães vacas. A humanidade também usa maconha e outras plantas alucinógenas desde triscas eras e nem por isso o uso é recomendado.

No mosteiros que morei no passado, os monges utilizavam somente iogurte de boa origem tomavam leite fervido com gengibre para ajudar no processo digestivo. Alguns deles exageravam na dose e já não se encontram entre nós.
Beber leite é não só antiecológico mas contribui para a crueldade de vacas que são obrigadas a permanecerem produzindo leite anomalamente por um tempo bem maior do que o projetado pela lei natural, envolvendo estímulos químicos e endócrinos.

O gado brasileiro, aos poucos, passa da fase de solto e livre para a fase de confinamento. Em poucos anos deveremos imitar americanos e europeus na cruel prisão de animais. E pior que isto. Os farelos de arroz e trigo, produzidos pelo Brasil em milhões de toneladas , produtos de baixo custo econômico, ao invés de irem para a mesa dos excluídos nutricionais tanto de alta quanto de baixa renda, vão para a ração do gado e outros animais de corte. E na conversão dos nutrientes de farelos para carne, segundo vários estudos, há grandes desvantagens, tanto econômicas, quanto sociais e ecológicas.

Isso tudo será demonstrado em meu livro sobre os malefícios do leite, principalmente o leite manipulado pela indústria.

Percebam como toda boa reflexão acaba em filosofia e somente uma reflexão genuinamente filosófica pode nos abrir os olhos para quem é quem e o que é o que!

Mas enquanto minha modesta pesquisa de pai preocupado e cidadão ativo está em curso, só posso sugerir que o melhor é utilizar leites de soja, castanhas, gergelim, coco e outros vegetais alternadamente. Substitua o leite da mãe vaca pelo leite da mãe terra!

Também os sucos verdes algumas vezes na semana, além de muito saborosos, são excelentes fontes de cálcio.

Esforce-se por buscar fontes orgânicas ao máximo. Produtos orgânicos causam menos danos aos ecossistemas, normalmente não enriquecem corporações, não contaminam trabalhadores da lavoura e maltratam menos nossos irmãos animais.

Enquanto não conseguimos a liberdade dessa penitenciária imposta por nossos próprios atos e pelos atos de nossos dominadores, é lícito que mantenhamos nosas celas bem limpas e arrumadas. Um dia, talvez, experimentemos o doce sabor da liberdade humanitarista!

Saudações com fraternidade e ternura.

*Alexandre Pimentel é educador popular, escritor ecologista e chef de cozinha especialista em alimentação saudável.

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Fonte: Blog do Alexandre Pimentel

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